Aquilino Ribeiro Vive

1861

No dia 20 de Outubro (sábado) apresentou-se na Escola Secundária Alves Martins a reedição da obra “O homem que matou o Diabo”, de Aquilino Ribeiro, figura incontornável da literatura portuguesa do séc. XX e também da zona da Beira Alta.       O evento foi conduzido pelos oradores determinados, no cómodo anfiteatro da escola. A saber: Serafina Martins (prefaciadora da obra e especialista em estudos de Aquilino Ribeiro), António Manuel Ferreira (professor universitário), Adelino Pinto (director da ESAM) Aquilino Machado (neto do escritor e professor universitário) e Bárbara Soares (representante da editora Bertrand) responsável pela reedição da obra. Betrand essa que mantém especial ligação com Aquilino Ribeiro, visto que o autor, nos seus passeios pelo Chiado, era freguês habitual da livraria, uma das mais antigas do mundo.       Depois da apresentação, houve espaço para questões levantadas pela plateia e, claro está, a venda dos exemplares. Foram expostas numa das paredes variadíssimas imagens do autor, correspondentes a diferentes períodos da sua vida. Fotografias a preto e branco ou sépia da infância pueril, da rebeldia efeba (o próprio Aquilino sempre se assumiu como um eterno rebelde) e da melancólica velhice (contra a qual o autor lutou com a espada do otimismo).          Para os leitores mais desatentos: quem foi, afinal, Aquilino Ribeiro? Não será devido reconhecê-lo para além do nome do Parque da Cidade e da estátua que habita na Rua Formosa? Trata-se de um escritor romancista do séc. XX, nascido em Sernancelhe em 1885 (distrito de Viseu), presente na galáctica equipa literária da época, ao lado de vultos como Raul Brandão, Vergílio Ferreira, António Gedeão, Miguel Torga, José Régio, José Saramago, Alexandre O’Neill, Jorge de Sena, Fernando Pessoa, entre outros.

Caracterizou-se por uma fina ligação entre escritos de natureza popular e regionalismos, onde abunda a ironia inteligente e a crítica social. É também incessante a temática política e religiosa, com objecções e apologias. Apresentou na sua vasta obra invulgar versatilidade. Escreveu contos, romances, novelas, livros infantis e memórias. Acrescem ainda dois livros de carácter histórico e algumas traduções com prefácios da sua autoria.

De todas as ilustres passagens da obra de Aquilino, esta, do livro Geografia Sentimental, pareceu-nos a mais fiel ao seu cunho artístico: “Quando se passa à vista dessas serranias, perfiladas no horizonte, que têm o seu quê das monticulações dos formigueiros, cheias de povos, de passaredo, de bichesa humana e montesinha, toma-nos, da projeção da nossa pequenez sobre a imensidade e o mistério da distância, um sentimento que tanto pode ser de exaltar como de deprimir.”                                                                               

 Valorize-se a aplaudir a iniciativa promovida pelo Centro de Estudos Aquilino Ribeiro, pela Bertrand e pela Escola Secundária Alves Martins, por valorizarem os grandes nomes da literatura portuguesa.                   

Francisco da Paixão