Chanel em velocidade de cruzeiro

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Todos a bordo? O La Pausa atracou em Paris e serviu de passerelle para a coleção de cruzeiro 2018/19 da Chanel. Karl Lagerfeld transformou o Grand Palais num terminal de navios de cruzeiro e, mais uma vez, levantou ondas na indústria da moda. Um navio majestoso ancorado num dos mais icónicos locais parisienses acolheu os passageiros para um evento com cheirinho a mar. Foi um desfile de alto nível – em mar alto. A coleção chegou a bom porto e ninguém ficou a ver navios.

“A minha memória mais antiga não é de um barco, mas sim do som de um barco”, confidenciou Karl Lagerfeld, diretor criativo da casa Chanel e comandante deste navio de cruzeiro. Um navio que garantiu uma mudança de cenário e nos faz mudar de rota. Uma rota à descoberta da beleza de outra época, de outra era, de outra arte de viver. Uma arte de viver sentada nas costas de Biarritz e vestida com uma camisola de marinheiro.

Um futuro às riscas: do porão do marinheiro até ao navio de cruzeiro foi apenas um passo com sapato de vela

Gabrielle Chanel criou a primeiríssima coleção de cruzeiro em 1919. Foi ela que deu início a este novo movimento, ao apresentar uma pequena coleção direcionada para as estâncias de férias de Biarritz. Criou peças mais leves e mais confortáveis que combinavam com iates, com dias no spa, resorts à beira-mar e destinos banhados pelo sol, como a Riviera Francesa e Veneza. Seis anos antes, em Deauville, criou peças inspiradas nas roupas dos marinheiros, que foram recriadas em jersey de lã e em jersey de seda. Peças suaves, fluidas, fáceis de usar, mas com o mesmo fascínio. Um fascínio que continua amarrado às fundações da Chanel com um nó de marinheiro.

Coco Chanel desenvolveu cada vez mais esta pequena linha que desfilava encaixada entre duas temporadas e que trazia alguns raios de sol ao inverno parisiense. Respondendo às suas próprias necessidades, acrescentou fatos e vestidos de noite para as férias e para navios de cruzeiro de luxo.

Não ser igual a ninguém, nadar contra a corrente, fazer dos próprios desejos e estilo de vida a principal fonte de inspiração. Foi tudo isto que guiou a criatividade de Mademoiselle Chanel. Amante do mar, navegou nos iates do Duque de Westminster: o Flying Cloud e o Cutty Sark. Quando esteve ancorada em Monte-Carlo, a bordo do Flying Cloud, descobriu a vila de Roquebrune-Cap-Martin. Apaixonou-se pelo encanto da região e ergueu a villa La Pausa, a partir de 1929. Uma residência de estilo provençal ao estilo Chanel. Um estilo definido pela liberdade e pelo sonho de uma moda visionária em todos os pormenores. Na Riviera francesa ou na costa portuguesa. Num cruzeiro ou num pequeno barco pesqueiro. Para jantares na mesa do capitão ou para comer sardinhas com a mão. A arte de viver veste-se com uma camisola de marinheiro. Partida iminente! Bom cruzeiro.

Fonte: Euronews