ESTUDO UTILIZA SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL PARA O TRATAMENTO DE DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA (DAP)

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Recentemente, um grupo de investigadores canadianos publicou, na revista científica Stem Cells Translational Medicine, os resultados de um estudo em modelo animal sobre a administração de células estaminais do sangue do cordão umbilical para melhorar a circulação sanguínea. A investigação teve como objetivo encontrar uma nova forma de tratamento para a Doença Arterial Periférica (DAP).
O estudo consistiu em isolar um determinado grupo de células estaminais do sangue do cordão umbilical que produzem grandes quantidades de uma enzima, a aldeído desidrogenase, capaz de acelerar a recuperação de lesões provocadas pelo deficiente fornecimento de oxigénio às células. Os investigadores conseguiram isolar e multiplicar com sucesso estas células do sangue do cordão umbilical e verificaram que, quando injetadas em ratinhos com DAP, estas foram capazes de melhorar a circulação sanguínea do membro afetado, sete dias após o tratamento. Considerando os resultados obtidos, o mecanismo envolvido neste efeito benéfico deverá ser a secreção de moléculas que potenciam a formação de novos vasos sanguíneos.

“As doenças cardiovasculares continuam a representar uma das principais causas de morte em Portugal. Atualmente, 55% da população portuguesa apresenta dois ou mais fatores de risco de doença cardiovascular e, na Europa, estas doenças representam 54% dos custos totais em saúde. Esta área tem sido, por isso, alvo de intensa investigação científica, com o intuito de desenvolver terapias mais eficazes”, refere a Dra. Bruna Moreira, Investigadora no Departamento de I&D da Crioestaminal.
E acrescenta: “Efetivamente, considerando os resultados obtidos no estudo, o sangue do cordão umbilical, livre de disfunções relacionadas com doenças crónicas e envelhecimento, apresenta um grande potencial para utilização no tratamento de DAP. As células estaminais da medula óssea dos pacientes, testadas numa primeira fase para tratar DAP, não permitiram obter os resultados desejados”.

A doença arterial periférica (DAP) é uma doença cardiovascular que se caracteriza pela obstrução das artérias, geralmente dos membros inferiores, conduzindo a um deficiente fornecimento de oxigénio às células e eventual morte celular. A DAP pode causar dor e, nos casos mais graves, feridas ou mesmo gangrena, que podem ter como consequência a amputação de membros.

Sobre a Crioestaminal
A Crioestaminal, fundada em 2003, foi o primeiro banco de criopreservação em Portugal, sendo o maior da Península Ibérica e o quarto a nível europeu. Sediada no Biocant – o maior parque de Biotecnologia português, emprega mais de 80 colaboradores e tem presença em quatro países da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Suíça). É o único banco ibérico acreditado pela AABB (American Association of Blood Banks), sendo um dos mais influentes e inovadores bancos de células estaminais do cordão umbilical do mundo. Tem mais de 100 mil amostras recolhidas e criopreservadas desde a sua fundação, sendo o player em Portugal com o maior número de amostras resgatadas e transplantes realizados, com 15 utilizações em dez crianças. Promove um trabalho de referência na terapêutica com células estaminais, com quatro patentes internacionais registadas e vários projetos de investigação em curso. Investe, anualmente, cerca de 10% do seu volume de negócios em Investigação & Desenvolvimento.
Ines Albino