Falar de Almeida Moreira é falar de Viseu, e falar de Viseu é falar de Almeida Moreira. Nascido em 1873, afigura-se como uma das figuras mais relevantes da história recente da nossa cidade. O capitão Francisco António de Almeida Moreira foi homem de vários ofícios: envolveu-se no mundo desportivo enquanto dirigente e associativo, foi autarca, investigador e museólogo, professor do Liceu Alves Martins, coleccionador de arte, artista (sobretudo na área da pintura) e militar de carreira.
Encetou os seus estudos na terra natal, mudando-se para Lisboa para o Real Colégio Militar e foi na capital que apurou o seu sentido estético. Relacionar-se-ia com artistas tão ilustres como António Ramalho e Columbano Bordalo Pinheiro, em calorosos encontros na Escola Politécnica. Todavia, o seu fervor artístico não o desviou das suas incumbências militares. Alcançou o estatuto de capitão após regressar a Viseu, no Regimento de Infantaria 14. Almeida Moreira preferia capitanear as tendências artísticas da sua época (e não só), dedicando-se ao coleccionismo de belas e variadas obras de arte, que hoje conseguimos encontrar na Casa Museu Almeida Moreira, no horizonte recuado do Jardim das Mães. Destacam-se no interior da sua antiga residência colecções de pintura, cerâmica, escultura, mobiliário, têxteis e ourivesaria. Não se fica por aqui o legado de Francisco Almeida Moreira. Dinamizou, como vice-presidente da Câmara e dirigente da Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu, a capital da beira enquanto destino turístico. Foi responsável por ajardinar Viseu em todos os seus recantos, modernizou o Rossio, requalificou o Parque do Fontelo e teve o brioso mérito de idealizar dois dos principais atrativos viseenses: O Painel de Azulejos, encomendado a Joaquim Lopes, e o Museu Nacional Grão Vasco.
Quando sentiu o primeiro suspiro fatal a percorrer-lhe o corpo, abdicou das suas funções autárquicas e redigiu sentido testamento para a cidade de Viseu, como quem entrega os tesouros deste mundo ao seu filho. Sim, Almeida Moreira foi um filho de Viseu, mas comportou-se como
pai. Todo o seu legado foi entregue à Casa do Soar. Faleceu a 18 de Dezembro de 1939, mas a sua partida foi a semente viva de um sonho muito seu: a Casa Museu Almeida Moreira.
Capitão Almeida Moreira, Viseu faz-lhe continência.
Francisco Paixão