Gente da Minha Terra – Episódio 1 D. Duarte

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D. Duarte, o Eloquente, 11º rei de Portugal, um dos nomes da ínclita geração, nasceu em Viseu a 31 de Outubro de 1391, segundo nome da dinastia de Avis, filho de D. João e D. Filipa de Lencastre. Com apenas 10 anos foi jurado sucessor da Coroa, a 22 de Março de 1401, nas cortes celebradas em Leiria, em resultado do falecimento do infante D. Afonso, seu irmão mais velho. Recebeu o seu nome em tributo ao avô da sua mãe, o rei Eduardo III da Inglaterra.

Desposou D. Leonor de Aragão a 19 de Fevereiro de 1445, filha de Fernando I, rei de Aragão e da Sicília, e da rainha D. Leonor. Tiveram os seguintes descendentes: D. João de Portugal, D. Filipa de Portugal, D. Maria de Portugal, D. Fernando de Portugla , D. Leonor de Portugal, D. Duarte de Portugal, D. Catarina de Portugal, D. Joana de Portugal e D. Afonso V, sucessor do pai no trono.

Era indiscutível a sua ligação à arte das letras, manifestada na puerilidade dos anos. À semelhança de D.Dinis, era convidado pelos estros da literatura. Escreveu obras ilustres como “Leal Conselheiro” e “O Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela.” O primeiro constitui um manual de orientação ética dentro do seio real e da nobreza, o segundo trata a arte hípica e justa. D. Duarte fez merecer o cognome, um espírito sábio afogado nas águas das letras, o primeiro monarca português a reunir uma livrarias nos paços reais.

Foi no décimo quarto dia de Agosto no ano de 1433 que ocupou o trono português. A sua política centrou-se na redução das despesas da Casa Real, vulnerável face aos periódicos conflitos contra Espanha. A sua corte devia prestar tributo à

moralidade cristã, respeitando o legado de D. João I. Com a propagação da peste em Lisboa, D. Duarte refugiou-se em Sintra e, mais tarde, Santarém, onde reuniu cortes com a intenção de reduzir a legislação portuguesa a um código uniforme, as Ordenações Afonsinas, somente concluídas no reinado de D. Afonso V. Promulgou a Lei Mental, medida de centralização que defendia o património da coroa e a convocação de cortes por cinco vezes no espaço de um lustro.

Seguiu igualmente a política expansionista encetada por D. João I, encabeçada pelo irmão Infante D. Henrique, o mentor da escola de Sagres, com grande enfoque na passagem do Cabo Bojador por Gil Eanes. Também provocou uma investida contra Tânger, em 1437, enviando um exército de 14 a 15 mil homens comandados pelos irmãos D. Henrique e D. Fernando. As tropas lusas foram derrotados pelos exércitos do rei de Fez com o feito maior de aprisionarem D. Fernando, que viria a falecer no cativeiro após D. Duarte recusar as exigências mouras para o seu resgate: a entrega da praça de Ceuta.

Celebrizou-se no seu reinado o envio de uma solene embaixada ao Concilio de Basileia, com D. Afonso, 1º marquês de Valença e seu sobrinho, a assumir o papel de embaixador. Foi este recebido pelo Papa Eugénio IV com notável júbilo, agradecendo a Portugal na coroação de D. Duarte, coroado e ungido conforme o antigo cerimonial dos reis franceses. Morreu a 9 de Setembro de 1438 em Tomar e jaz no Mosteiro da Batalha.

Por Francisco da Paixão