Feira, eis o teu legado! Por Francisco da Paixão

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Agosto chegava a Viseu. As rodas das bicicletas já lá iam na velocidade pedalada por um sonho amarelo. A cidade, enciumada das irmãs costeiras que os viseenses namoravam, era confortada pelo regresso dos filhos que o estrangeiro acolheu por triste necessidade. Com eles, como se à boleia da saudade, apareceu a comemoração do apóstolo, a Feira Franca, a Feira de São Mateus! Ali estava, nos braços da Cava do Viriato. D. João I, seu pai, sorria com as gerações viseenses que olhavam do céu.

Viseu – Bem-vinda de volta, Feira! Tantas eram as saudades.

Feira SM – Aqui estou, meu amor, minha raiz. Aproveitemos, só nos resta um mês…

Viseu – O que são 700 meses acumulados senão a imortalidade? Prefiro-te um mês na minha presença a cada volta do sol, do que a cada amanhecer. Serias vulgar, serias quotidiano. Desejo-te especial, na sazonalidade da tradição.

Feira SM – Deveras? Não passarei de breve ocaso de alegria? Lisonjeias-me, mas ainda não estou convencida!

Viseu – Por Viriato e suas tropas, por D. Ramiro II e sua cava! Minha filha, não perdeste o clarão dos teus olhos infantis, agora ancestrais como o meu brasão. Acaso ignoras quem visita o teu lar? Vê como as décadas convivem à mesa da idade. Há criancinhas na euforia doce da fartura e do algodão, como há velhos que deixam o vinho encher o copo da lembrança. Namorados em patéticos heroísmos de latas e setas, tudo por um peluche que devolveu a infância às senhoritas; pais que observam as crias como falcões atentos, forasteiros que não temeram a distância por simpatia. Este é o teu legado, assume o destino.

Feira SM – Assim falas por ser tua filha, prosa como sangue de coração.

Viseu – Lê, pois, quem fala de ti:

Fernando Marques: Trabalheira na bilheteira de 1976. Os bilhetes que vendi? Incontáveis. A Feira Franca perdurará para sempre como Viriato.

Carlos Cruchinho: Um ritual ancestral perpetuado por um povo ímpar.

Sónia Costa: Revela a nossa gastronomia e recantos e encantos da cidade.

Hélder Ferreira: Marco do nosso verão. Uma cidade a crescer dentro da cidade, ponto de encontro de amigos, foco de cultura e tradição.

Sião Eponina: Tradição e modernidade.

Márcia Márcia: Um certame de experiências únicas e recordações intemporais que deve renovar-se a cada ano e acompanhar a nova realidade da sociedade viseense.

Hugo Neves: Na nossa maravilhosa cidade, a Feira de São Mateus mostra o melhor do país, com soberbos petiscos, voando nas melhores diversões à batida de belas canções. Falta uma maior divulgação, com a ajuda, por exemplo, de um youtuber famoso.

Leonilde de Almeida: Por muitas festas que se instituem, a Feira de São Mateus é a verdadeira viseense, aquela que atrai muitos forasteiros.

Tânia Sousa – Melhor feira nacional e além fronteiras. Viva a Feira S.Mateus!

A Feira achou a verdade no mercado! A pouco e pouco sediou-se na cálida terra que conhecia e ignorou as línguas tóxicas de alguns fariseus. Não é um mês, é o mês! Viva a Feira de São Mateus, Viva Viseu, Viva Portugal!

Francisco Paixão